sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Carinhanha, uma história pra contar.



Contam as lendas que Cari era um índio que se casou com uma índia de nome Nhanha e deste encontro nasceu o nome da cidade!

A cidade Carinhanha que se encontra numa localização privilegiada à beira do rio São Francisco possui uma história rica de um povo que sobreviveu às mais duras condições de existência e como guerreiros resistiram e resistem até hoje, com suas profundas cicatrizes, mas de
cabeça erguida!

Localização

- O município de Carinhanha localiza-se na zona geográfica do médio do São Francisco, estando o seu território parcialmente incluído no polígono das secas. Limita-se com os municípios de Coribe, Cocos, Montalvânia, Malhada e Juvenília/MG - esses dois últimos limitam o município pelo Rio São Francisco e Rio Carinhanha respectivamente. As coordenadas geográficas da sede municipal são as seguintes: 14º,18º, 22º da latitude sul 43º,46' 02''.

Recursos naturais

- A flora do município, apesar das devastações constitui ainda grande riqueza natural, pois são encontradas madeiras de lei, vinhático, peroba, tapioca, pereira e outros; a maniçoba e a mangabeira, produtores da borracha; o Jatobá, o caroá e outras plantas fibrosas. A fauna é rica em animais silvestres, notadamente o gato do mato, a onça- suçuarana e outros. O Surubim, a Curimatá, o pirá, a piranha, o pacu, a curvina, o dourado e outros peixes constituem também, importantes riquezas naturais do município. O único mineral extraído é a pedra para construção. Entretanto, há no município jazidas de manganês, cristal, salitre e calcário, todos, porém, latentes.

População

A população de Carinhanha, segundo o IBGE, é de 27 mil habitantes. A atual população do município conserva ainda os sentimentos e crendices de seus antepassados, principalmente entre as populações rurais.

Os primeiros moradores desse território foram os índios Caiapós que tinham aldeias localizadas nas terras onde hoje se encontra a cidade. Viviam os nativos na mais completa harmonia, quando pela primeira vez, o homem civilizado em 1712, presumivelmente nele penetrou. Segundo a tradição local, essa penetração em Carinhanha coube ao implacável Bandeirante por que viveu depois que venceu os paulistas.

Como a história narra, Manuel Nunes Viana possuía extensos rebanhos à margem do rio São Francisco, conta-se que o mesmo possuía uma fazenda no local denominado Mari, em Minas Gerais, e há até hoje uma lagoa com o mesmo nome. Manuel Nunes, dominando toda a região onde fundou a cidade de Carinhanha, fazendo um pequeno povoado, construindo uma capela e como padroeiro o glorioso São José que tinha até esta data conservado seu trono e sua devoção. “Foi doada por Manoel Viana uma boa área de terra ao padroeiro São José, hoje transformada nas praças j.j. Seabra e Praça da Bandeira”.
Carinhanha foi uma das grandes senzalas do território baiano, tendo o elemento negro escravo prestado um grande e penoso trabalho no desenvolvimento do território do município. A principal corrente de povoamento do município foi nacional, tendo como causa determinante a procura das minas de ouro do Rio das Velhas.

A produção é artesanal

Do ponto de vista agrícola, os recursos técnicos permanecem os mesmos, pois muitos produtos ainda são elaborados pelos processos empíricos d'antanho, com grandes desperdícios de matéria- prima. Na fabricação de farinha de mandioca emprega-se ainda o processo indígena dos gastalhos de madeiras. Caracteriza-se a população de Carinhanha pela sobriedade de seus costumes. Tem hábitos higiênicos , traja-se com decência, porém sem luxo. Na zona rural ainda existe pratica religiosa de suas tradições e de seus costumes.

As principais riquezas vegetais exploradas no município são: madeiras, em pequena escala para o consumo local, fibras diversas, exploradas para o município de Juazeiro na Bahia, sendo que no povoado de Ramalho há largos trechos florestais inexplorados. A lavoura é o fator de maior importância na economia do município. Entretanto, a falta de estradas é um dos fatores que lhe entrava o desenvolvimento progressivo.
Suas principais culturas são: algodão, mamona, milho, arroz, feijão e mandioca. De modo geral não existe horticultura e nem floricultura no município; a pomicultura está pouco desenvolvida; a agricultura ainda emprega os métodos retrógrados e rotineiros. Todavia, os lavradores progressistas que destacam-se pela organização de seus serviços. A saúva, os gafanhotos e outras pragas atacam implacavelmente a lavoura, e os lavradores não possuem conhecimento dos processos racionais de extinção das referidas pragas.


O caminho da Vila pra cidade

Em 1942, os principais povoamentos do município eram Barra da Parateca, a 48 km da sede, à margem esquerda do Rio São Francisco, com alguma probabilidade de desenvolvimento de seu comércio de peles e de peixes; Desterro, a 12 km da Vila de Cocos, com ótimos terrenos para a cultura de cana-de-açucar cereais; Morrinhos, a 2 km da Vila Iuiu, com bons terrenos para lavoura e diversos veios de cristais que proporcionaram largas possibilidades; Ramalho, a 72 km da sede, um dos promissores núcleos rurais do município com lavoura de algodão, mamona e cereais e, por último, Rio Verde Grande, hoje pertencente a outro município à margem direita do Rio São Francisco com pequena lavoura produzindo grande parte de peixe exportado pelo município. Setembro e Sítio do Mato, Tabuleiro e Venda, pequenos povoados de menores possibilidades.



A elevação da vila de Carinhanha à categoria de cidade deu-se por força da lei estadual nº 762, de 17 de agosto de 1909, assinada pelo então governador Dr. João Ferreira de Araújo Pinho. Sua composição administrativa, que até 1931 era de distrito único, passou a figurar com seis, em virtude do decreto nº 7479 de 8 de Janeiro do mesmo ano que lhe incorporou o território do município de Rio Alegre. Manteve-se assim, até que em virtude do decreto estadual nº 11089 de 30 de Novembro de 1938, perdeu o território do distrito de Alegre, que foi anexado ao município de Santa Maria da Vitória, voltando a figurar com os distritos de Carinhanha, Cocos, Iuiu, Malhada e Parateca .



A cultura popular: um povo que não renega seu passado

As festas dos Reis - um conjunto de homens e mulheres, com caixas, zabumba e dois gaiteiros que tocam em duetos e cantam em louvor dos Santos Reis.
A Contra Dança- é um conjunto de homens com caixas reco -reco, zabumba, pandeiro, viola e duas gaitas de bambu que canta à porta das casas benditos ou letras com dizeres louvando o menino Jesus nascido.
Reis da Mulinha - com uma cabeça de mula feita de pau e um pedaço de pau com cabo de vassoura e na ponta do rabo completando o aspecto da mula em fantasia.
O Reis de Caixas- um grupo de mulheres e um homem que bate caixa e um violeiro, que cantam à porta das casas em louvor dos Santos Reis.
Os ternos – é uma organização mais social, são homens e mulheres bem trajados conforme o terno.
O carnaval – o carnaval é como em todo lugar do Brasil onde os clubes se organizam para os festejos de sempre.

Hoje a festa popular de maior visibilidade é a Festa do Divino, que mistura crenças religiosas e festividades da cultura popular, um momento de encontro entre o antigo e o novo, entre os que foram para as grandes capitais em busca de uma vida melhor e seus amigos e familiares que ficaram na esperança de que as coisas ainda podem melhorar por aqui, em nossa terra natal, em nossa querida Carinhanha!

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